Fábula – cartório versus contrato de gaveta
Há muito, muito tempo, um grupo de investidores reuniu-se em assembleia para decidir em conjunto o que fazer em relação ao seu inimigo comum: o Cartório.
Depois de muito conversar, um jovem investidor que também era advogado recém formado levantou-se e apresentou a sua proposta:
— Estamos todos de acordo: o perigo está na forma silenciosa como o inimigo se aproxima de nós; temos de fornecer os documentos, pagar as grossas taxas, uma chateação. Se conseguíssemos fazer nós mesmos os contratos particulares e guardá-los nas gavetas, podíamos escapar facilmente das suas garras.
E continuou:
— Por isso, proponho que coloquemos cartazes por toda a cidade, contra o cartório e a favor dos contratos particulares.
A assembleia recebeu estas palavras com entusiasmo. Foi então que um experiente e velho investidor se levantou e perguntou:
— E quem é que vai colocar os cartazes na cidade?
Os investidores começaram a olhar uns para os outros, e não houve nenhum que se oferecesse para levar a cabo semelhante tarefa.
Então o velho terminou, dizendo:
— Propor uma solução é fácil, o difícil é pô-la em prática, quando se quer ter a segurança jurídica de um documento bem elaborado pelo notário e com fé pública!
Fábula adaptada de “O Conselho Realizado pelos Ratos”, de Jean de LA FONTAINE. Desenho de Gustave DORÉ.